Otoplastia: entenda a cirurgia para orelhas de abano

As orelhas de abano são um problema estético que aflige muitas pessoas. E para corrigir-las, uma solução simples e eficiente é uma otoplastia, uma cirurgia plástica que permite corrigir as orelhas proeminentes.

Uma otoplastia pode ser feita tanto por adultos que causam a questão, como por crianças - sendo especialmente indicada no período pré-escola, entre 5 a 7 anos. Nessa fase, as orelhas já estão totalmente formadas e é possível evitar que a questão traga dificuldades psicológicas à criança, que pode se sentir mal pelo bullying e como piadas dos colegas.

Quer saber mais? Siga a leitura.

O que são as orelhas de abano?

As orelhas quando possuem um aspecto protuberante podem causar desconforto, um pequeno detalhe na hora de amarrar o cabelo no alto, usar um brinco ou após colocar o boné causam incômodos gigantes em algumas pessoas.

São consideradas orelhas de abano aquelaselas que se distanciam, de maneira exagerada, do sangue. Normalmente, o problema é apagamento pelo apagamento parcial ou total de uma dobra da cartilagem, um antélice, e do aumento da concha. Como na imagem abaixo:

Não existe nenhuma medida objetiva para que o médico determina que uma pessoa tem orelha de abano. Na prática, essa é uma valorização - e deve considerar outros detalhes que influenciam como o formato do rosto, o volume do penteado do cabelo e o tamanho das orelhas, tudo isso junto pode fazer com que as orelhas fiquem mais ou menos evidentes.

Usualmente, quem sofre de orelha de abano tem o problema nas duas orelhas, podendo ser de forma simétrica (iguais em ambas), ou não. Porém, existem alguns casos raros em que apenas uma das orelhas é afetada, situação conhecida como orelha de abano unilateral.

A principal causa para a orelha de abano é genética. Ela pode aparecer tanto em homens como em mulheres, sendo observada já desde o nascimento.

otoplastia

O que é uma otoplastia?

A otoplastia é uma cirurgia plástica que realiza a correção da orelha de abano. Ela é feita de maneira sutil, sem deixar cicatrizes buscadas. A incisão é feita por trás da orelha e o excesso de cartilagem é retirado, causado a protuberância exagerada. Também pode ser retirado ou excesso de pele e a orelha é reposicionada para mais próxima do sangue.

A cirurgia pode ser associada a diferentes técnicas para realizar uma mudança estética nas orelhas.  Por exemplo, com o redesenho da anti-hélice, indicado quando ela é mais apagada.

Dessa forma, a orelha passa a ter um formato mais natural, sem os estigmas da orelha de abano.

Quem pode realizar a otoplastia?

A otoplastia pode ser realizada tanto por adultos como por crianças que estejam com exames clínicos normais. São ótimos candidatos:

  • Crianças e adultos com orelhas de abano protuberantes;
  • Pessoas com orelhas grandes (macrotia), assimétricas, deformadas devido à lesões ou escondidas;
  •  Pacientes que precisam fazer uma reconstrução dos lóbulos (geralmente causado por uso de alargadores);
  • Pessoas que precisam remover queloides ou retirar nódulos das orelhas;
  • Crianças com orelha de abano a partir dos 5 ou 6 anos, quando as orelhas já atingiram o tamanho definitivo e a criança inicia o período escolar;
  • Pessoas que já fizeram otoplastia, mas não se sentiram satisfeitas com os resultados.

Como é feita a otoplastia?

A cirurgia de otoplastia é feita em ambiente hospitalar, com o paciente sedado e com anestesia local. Em média, a duração é de 1 hora.

O procedimento é realizado com uma incisão atrás da orelha, seguindo a dobra natural da pele. É por meio desse pequeno corte que o cirurgião fará a retirada do ligamento da cartilagem e do excesso de pele, deixando a orelha mais flexível.

Em alguns casos, é preciso fazer a retirada de parte da cartilagem, reduzindo o tamanho da orelha.

Por fim, o cirurgião finaliza com pontos de fixação (os mais usados são os internos e absorvíveis), mantendo a nova anatomia da orelha e fechando a incisão.

Existem contraindicações?

Caso o paciente tenha os exames clínicos e laboratoriais normais, a contra indicação principal é o risco de desenvolvimento de queloides. Alguns critérios que são analisados para descobrir qual é esse risco são: tom da pele (a queloide é mais comum em negros), exposição solar e o local da incisão.

Também é uma contraindicação os casos de policondrite recidivante. É uma doença autoimune que acomete as cartilagens de uma ou das duas orelhas. Os sinais são: ouvidos externos avermelhados, doloridos e inchados. Com o tempo, a doença causa flacidez das orelhas, devido a fraqueza articular, além do paciente poder ter problemas de equilíbrio e de audição.

Nos pacientes com risco de desenvolvimento de queloides ou com tendência à formação de cicatriz hipertrófica, é possível optar pela otoplastia sem incisão. Na técnica, a incisão é realizada de modo a ficar escondida no sulco retroarticular. Também pode-se usar medicações que previnem o crescimento anormal das cicatrizes.

Quando optar pela otoplastia?

O mais usual é que a otoplastia seja realizada ainda na infância, em torno dos 6 anos, quando a criança já tem quase 100% do tamanho da orelha que apresentará na vida adulta. Porém, a cirurgia também pode ser feita na adolescência ou na vida adulta.

Os motivos mais comuns para a otoplastia são:

  • Orelhas de abano;
  • Macrotia (orelhas grandes demais em desacordo com a face. É uma deformidade congênita rara que pode estar associada a outras doenças);
  • Microtia (deficiência congênita que provoca o subdesenvolvimento da orelha, deixando-a menor do que o normal. Pode ocorrer em um ou em ambos os lados e provoca perda auditiva. A otoplastia devolve a estética e a funcionalidade da orelha);
  • Traumas (pessoas que sofreram acidentes ou lesões nas orelhas).

No caso das orelhas proeminentes, elas são classificadas de acordo com o grau de angulação, variando entre leve, moderada e grave. A otoplastia pode ser realizada em qualquer um desses graus, dependendo do quanto incômodo a condição traz ao paciente.

Já quando as malformações causam prejuízos funcionais, a cirurgia passa a ser recomendada, pois existe uma necessidade além da estética.

Riscos

Qualquer procedimento cirúrgico possui riscos – e isso não é diferente com a otoplastia. Porém, realizando um bom pré-operatório, as chances de problemas são menores.

No caso da cirurgia em adultos, que, devido à idade, têm a cartilagem mais enrijecida, há o risco de as orelhas voltarem ao aspecto de abano após a cirurgia, perdendo o ângulo realizado na correção. Contudo, esse risco é baixo.

Outros riscos são: sangramento, hematoma, dor, inchaço, edema, despigmentação, perda ou redução da sensibilidade local, assimetria, alergia aos materiais cirúrgicos e infecção. 

Também há as chances de uma cicatrização inestética – problema que afeta principalmente pacientes com tendência à formação de queloides e cicatrizes hipertróficas. E, claro, há os riscos associados à anestesia, por isso é muito importante realizar previamente a consulta com o anestesiologista.

Pacientes fumantes devem parar de fumar cerca de 30 dias antes do procedimento, porque o fumo pode causar problemas de cicatrização, o que aumenta os riscos de infecção.

Uma maneira eficiente de reduzir esses riscos é sempre fazer a sua otoplastia com um cirurgião plástico ou um otorrinolaringologista com especialização em otoplastia.

Medicações

Antes da cirurgia, pode ser que o seu médico lhe solicite a interrupção de alguns medicamentos que podem comprometer o efeito de coagulação do sangue, como: AAS (ácido acetilsalicílico), gingko biloba, cascara sagrada e clopidogrel.

Há risco de voltar as orelhas de abano?

Os resultados definitivos só podem ser observados 3 meses após a cirurgia. Em geral, não é comum que a orelha de abano retorne. Porém, em medicina, nenhum procedimento tem 100% de garantia.

Isso porque existem interferências no processo de cicatrização que não dependem da perícia do cirurgião, como os cuidados do paciente no pós-operatório, fatores hereditários e hormonais, entre outros. Todos esses detalhes devem ser abordados nas consultas pré-operatórias e devem estar descritas no Termo de Informações Pré-Cirúrgicas, para que o paciente fique ciente.

Se o paciente não realizar corretamente os curativos e não usar a faixa elástica, por exemplo, poderá ter mais chances de a orelha de abano retornar.

Além disso, uma leve assimetria pode acontecer, pois mesmo as pessoas que não se submeteram a uma cirurgia e tenham orelhas normais, não apresentam uma simetria total.

Vários fatores relacionados ao próprio paciente também podem interferir no processo de cicatrização e no resultado final.

Traumas locais, como puxar as orelhas para frente ou rompimento de pontos, também podem favorecer as orelhas retornarem ao formato anterior à cirurgia. Nesses casos, há a possibilidade de realização de um pequeno retoque.

Recomendações sobre a otoplastia

Como você viu, para que o resultado seja satisfatório, é importantíssimo a participação do paciente, tomando todos os cuidados pré e pós-operatórios.

Cuidados pré-operatórios

Uma consulta com o médico especialista é fundamental no período pré-operatório. Assim, você poderá tirar todas as suas dúvidas, compreender como funciona a otoplastia, quais os riscos e o que esperar no seu caso.

No dia da cirurgia, a recomendação é de jejum de 8 horas (inclusive de água). Se o procedimento for feito com anestesia local, contudo, não é preciso fazer jejum – a não ser que o paciente opte, também, por uma sedação.

É importante, antes da cirurgia, evitar bebidas alcoólicas, drogas e refeições pesadas. Lave bem os cabelos na noite anterior, pois, depois da otoplastia, será preciso ficar de 2 a 3 dias sem lavá-los.

Caso você more sozinho, é preciso se programar para ter ajuda nos 2 ou 3 dias após a cirurgia.

Cuidados pós-operatórios

Depois da cirurgia, você deve tomar alguns cuidados, como:

  • Evitar sol, frio excessivo e traumas na região das orelhas por 30 dias;
  • Usar a medicação prescrita pelo médico, da forma orientada e nos horários certos;
  • Usar a faixa conforme a recomendação do seu médico por 30 dias;
  • Não fazer a remoção da faixa em casa, deixar que o médico faça no consultório;
  • Após retirar a faixa, lavar bem os cabelos, com o próprio shampoo, lavar as orelhas e remover todo o sangue que tiver no local. Secar os cabelos e colocar a faixa de malha ou de bailarina, protegendo as orelhas com algodão;
  • Após a retirada da faixa, você poderá retornar às suas atividades habituais.
  • Usar faixa cirúrgica compressiva para manter a orelha no devido lugar durante os primeiros dias

Quem usa óculos, poderá usá-lo por cima do curativo, preso com esparadrapo na faixa, mas é importante que ele não aperte muito a cabeça.

Normalmente, o pós-operatório não é dolorido e as medicações usadas ajudam a controlar bem as possíveis dores que podem surgir.

Depois da cirurgia, você sairá com uma proteção em toda a cabeça, com faixas, que devem permanecer nas primeiras 48 horas. Somente após esse período, o seu médico fará a remoção da faixa e você poderá tomar banho completo (lavando a cabeça). Nos primeiros 30 dias, pode ser indicado o uso de uma tiara de malha para evitar traumas no local, que deve ser usada até mesmo para dormir.

Os pontos são retirados entre 7 a 10 dias, e o procedimento não causa dor.

Outras recomendações

Curativos: Os curativos são feitos com pomada cicatrizante e gaze, realizado ao final da cirurgia e só pode ser removido de 24 a 48 horas da cirurgia no consultório pelo médico.

Com a cicatriz limpa e seca, mantenha a lavada sempre e secando com cuidado.  

Dor: O que existe após a cirurgia é um incômodo, em casos de dores maiores, informe seu médico. Serão prescritos analgésicos e anti-inflamatórios para o pós-operatório.

Volta às atividades normais e exercícios físicos: De 3 a 10 dias, dependendo do nível de correção nas orelhas, nas crianças que necessitam voltar à escola é melhor aguardar os 10 dias, pois crianças possuem muitas brincadeiras de contato físico.

Retorno ao consultório médico: Os retornos já terão início entre 24 a 48 horas depois da cirurgia, para haver a retirada dos curativos e uma avaliação física, assim combinando os próximos encontros com o seu médico, dependendo do seu grau de recuperação.

Cicatrizes e queloides: Na maioria das vezes ficam escondidas na parte de trás da orelha, em sua junção com o sangue. São poucos os casos que especificam que o corte seja na parte frontal da orelha, pois é mais comum que o médico queira esconder em alguma dobra o corte da cirurgia. Queloides são raras para o resultado, mas pode ocorrer, cuide bem de seu pós-operatório.

 

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